Perda gestacional – testemunho

O diagnóstico…aborto retido! Outra vez!
Vem uma avalanche de sentimentos, as lágrimas teimam em cair, mas não saem!
Alguém vestido de astronauta nos diz: “lamento, mas não tenho boas noticias”. Estamos sozinhas e desamparadas por conta das restrições da covid.
Já não sabemos o que temos de fazer a seguir! Falta-nos o ombro amigo, o abraço quente e a mão que nos tem acompanhado em todos os momentos bons e maus do últimos anos.
Por mais que saibamos que isto acontece 1 em 4 gravidezes ou que se “trata de selecção natural” ou que “às vezes é melhor assim” é sempre um choque.
O que fiz para que isto me tenha acontecido?
Talvez nada, ninguém é culpado. Por vezes, a culpa pode morrer sozinha…
A perda gestacional acarreta sempre dor seja em que fase da gravidez for.
Implica sempre fazer o luto da perda e tentar recuperar seja de que maneira for. E será que alguém chega a recuperar?
O casal em conjunto deve agir e ultrapassar esta dor emocional e física.
E quando partir para a próxima gravidez? Em termos físicos após um período menstrual e em termos emocionais quando o casal se sentir preparado.
E se voltar a acontecer? Os medos e anseios vão lá estar em cada consulta, em cada ecografia, desejando não voltar a ouvir aquelas palavras “lamento, mas não tenho boas notícias”.